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QA x Acessibilidade

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Tempo de leitura: 5 minutos

Considere as seguintes informações:

Atualmente em nosso país, temos uma população total de 217 milhões habitantes;
Em termos de aparelhos móveis circulando em território nacional, aproximam-se de 162 milhões;
Há mais de 5 milhões de aplicativos disponíveis nas principais plataformas de download, que vão desde apps bancários até aqueles que auxiliam em nossa saúde e bem-estar.

Agora, considere também que 45 milhões é o número de brasileiros (as) que hoje apresentam alguma deficiência auditiva, motora, visual ou cognitiva no Brasil. É de se indagar o quão inclusivo e acessível o rápido desenvolvimento tecnológico realmente é, não?

A acessibilidade tecnológica é um dos mais importantes assuntos quando se trata de inclusão na era digital. Tomando de exemplo um cenário de urgência da pandemia do Covid-19, como no ano de 2020, aplicativos governamentais como o de saque emergencial e de consulta da carteira de vacinação foram altamente utilizados pela maioria da população, independente de classe social ou faixa etária. Mas a usabilidade dessas aplicações se estendeu para pessoas com mobilidade reduzida e idosos com pouco costume digital, por exemplo?

De acordo com os princípios da acessibilidade, um site ou aplicativo acessível deve ser:

Perceptível (conteúdo escrito pode ser lido por um leitor de tela, conteúdo de áudio deve possuir legendas);
Operável (navegação deve incluir manuseio do teclado ou software de controle por voz);
Compreensível (se um erro ocorre no preenchimento de alguma informação, o sistema deve alertar onde o erro ocorreu e como corrigi-lo);
Robusto (deve ser compatível com tecnologias de assistência atuais e estar aberto para novas funcionalidades das mesmas).

Essa inclusividade deve estar presente desde a descrição detalhada das imagens exibidas, descrição para campos editáveis, até ao tamanho de botões, cor e contraste de textos, e intuitividade/facilidade de manuseio das aplicações, tendo em mente durante o seu desenvolvimento as dificuldades auditivas, motoras, visuais ou cognitivas existentes.

Sabe-se que durante o processo de desenvolvimento de um sistema, muitas atividades e, por mais não recomendado que seja, processos são acelerados ou deixados de lado em nome da entrega do projeto, resultando em um dos fatores que levam sites e apps a não serem acessíveis a mais de 20% da população. Outro fator que leva a essa inacessibilidade é a escassez de conteúdo em cursos e até especializações para o assunto de acessibilidade no campo da qualidade de sistemas.

Entretanto, contamos atualmente com algumas ferramentas que podem nos guiar na implementação de abordagens de testes de usabilidade no decorrer do desenvolvimento de um aplicativo, como o Accessibility Scanner da Google (disponível para download gratuito na Play Store), ferramenta que escaneia a interface de usuário de aplicativos android, fornecendo recomendações de como melhorar a acessibilidade do mesmo. Caso o sistema operacional do aparelho seja iOS, temos o Accessibility Inspector, que além de escanear, também integra e testa tecnologias de assistência como o VoiceOver, um leitor de tela baseado em gestos que fornece descrições audíveis do que está presente na tela.

Apesar de podermos usufruir das aplicações citadas, é necessário que mais ferramentas sejam desenvolvidas, assim como o investimento em cursos e especializações, para que mais profissionais sejam capacitados em testes de acessibilidade, pois é assim que conseguiremos demonstrar e cumprir nossa responsabilidade social com a inclusão de todos, além de outros benefícios como redução de riscos legais, crescimento no alcance de mercado e aumento na satisfação de usuários.

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